Passagem aérea força aumento além do esperado no IPCA, diz Concórdia

Valor Online

Para economista, reajuste de 10,5% no preço das passagens não estava nas projeções da inflação

O reajuste de 10,5% nos preços das passagens aéreas neste mês não estava nas projeções da Concórdia Corretora. "Foi isso que fez a inflação ficar acima do que estimávamos", diz o economista Flavio Combat, acrescentando que este é um item muito volátil. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), que é uma prévia do indicador oficial de inflação, acelerou entre dezembro e janeiro, ao passar de 0,56% para 0,65%.

O grupo transportes teve elevação de 0,79% em janeiro, após registrar deflação de 0,08% no mês anterior, se destacando como o principal responsável pelo maior ritmo de alta no IPCA-15 neste mês. Também contribuíram para o aumento nos preços dos transportes os reajustes nas tarifas de ônibus urbano nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro e de Belo Horizonte e de ônibus intermunicipais em várias regiões do país.

Combat ainda chama a atenção para o item automóvel novo, que ganhou peso no IPCA com a nova estrutura de ponderação. "Em todos os países em que há aumento da classe média, cresce a demanda por carros. E, no começo de ano, sempre tem reajuste de preços, devido aos novos modelos", observa. Os preços dos automóveis novos, que em dezembro apresentavam queda de 0,37%, neste mês já contabilizam aumento de 0,39%.

Outro fator que pressionou a inflação neste primeiro mês de 2011 foi refeição fora de casa, que avançou 1,63% neste mês. Individualmente, o item foi o que mais impactou o IPCA-15, respondendo por 0,08 ponto percentual. Entre dezembro e janeiro, os lanches ficaram 1,42% mais caros, enquanto os refrigerantes e a cerveja subiram 1,37% e 1,27%, respectivamente. "Esse movimento reflete as mudanças nos hábitos de consumo, decorrentes do aumento da classe média", afirma Combat.

Também embute as pressões sazonais em alguns alimentos, além dos prejuízos causados pela estiagem no Sul e pelas chuvas no Sudeste. "Produtos como milho e soja, que estão em período de entressafra e ainda sofrem com a seca, têm impacto em toda a cadeia produtiva", pontua o economista. "Enquanto tivermos choque de oferta em alimentos, os preços continuarão altos", afirma.

A descompressão nos preços do algodão no mercado internacional garantiram um certo alívio aos vestuários. A alta de 1,10% em dezembro baixou para 0,19% neste mês, ajudada pela acomodação de preços após a troca de coleção. Até o final do mês, a Concórdia espera uma leve desaceleração no IPCA, que fecharia janeiro com alta de 0,60%.