Pátria compra 50% da comercializadora de energia Capitale

Reuters

É o segundo investimento do Pátria no setor elétrico; instituição também detém 36,4% da CFPL Energias Renováveis

O Pátria Investimentos anunciou nesta terça-feira a aquisição de 50% da Capitale, uma das maiores comercializadoras independentes do mercado livre de energia no país.

Os recursos do investimento, cujo valor não foi revelado, serão todos aplicados na companhia. Os sócios fundadores da Capitale Daniel Rossi e Rafael Mathias ficarão com os outros 50% do capital e seguirão responsáveis pela gestão da empresa.

O anúncio marca o segundo investimento do Pátria no setor elétrico. A instituição também detém 36,4% da CFPL Energias Renováveis, que tem a CPFL Energia como controladora desde o ano passado, quando esta fundiu seu braço de energia renovável com a Ersa, criada pelo Pátria.

"Identificamos a oportunidade num setor jovem e com boa rentabilidade", disse à Reuters o sócio do Pátria Investimentos Luiz Otávio Magalhães.

Criada em agosto de 2010, a companhia fechou o ano passado com faturamento de R$ 215 milhões, e vendas totais de 3.240 gigawatts-hora (GWh). Recentemente, criou com outras empresas do ramo o Balcão Brasileiro de Comercialização de Energia (BBCE), plataforma de negociação de energia elétrica no mercado livre, que deve iniciar suas operações nos próximos meses.

O movimento acirra a competição num setor que hoje responde por cerca de 27% da energia consumida no país, ou aproximadamente US$ 10 bilhões. Em setembro de 2011, o BTG Pactual anunciou a compra de 100% da Coomex, a maior do país entre as consideradas independentes.

"Isso acompanha a tendência de entrada mais intensa de players financeiros nesse setor, como já acontece fora do Brasil", disse Magalhães.

Apesar da intensa movimentação de investidores, o setor vive um momento fraco para os vendedores de energia, em meio à intensa competição, o que tem pressionado os preços. E a expectativa de especialistas do setor é de que esse cenário se mantenha no curto prazo diante do excesso de oferta.

Para os executivos, no entanto, o negócio independe dos preços e leva em conta mais a rentabilidade auferida entre as operações de compra e venda de energia.

"De certa forma, é até positivo porque, quanto menor o preço, maior a possibilidade de novos potenciais compradores para a energia ofertada", disse Rossi.

Planos

Um dos objetivos da parceria mais adiante é a entrada da Capitale em outros mercados de commodities, principalmente o de gás natural -que pode deslanchar com a evolução da indústria do petróleo do pré-sal- e o de etanol.

"Os consumidores de energia são basicamente os mesmos de gás natural", afirmou Rafael Mathias.

O foco preferencial de expansão será orgânico, disse Magalhães. Há também planos futuros para entrada da Capitale em outros mercados desses produtos em países da América Latina. Uma ida ao mercado de capitais via oferta inicial de ações (IPO, na sigal em inglês) no futuro também não está descartada.