José Geraldo Vantine
Uma boa reflexão sobre o amanhã é revisitar o passado, avaliando os fatores e consequências das mudanças conhecidas. E para isso, como protagonista da história moderna da Logística, tenho o privilégio de ter vivido cada passo, desde meu primeiro emprego na General Motores, há 45 anos, recém formado e já no Departamento de “Supply”.
Registro importante parra quem chegou depois e estudou pouco. Embora nos EUA pós-guerra tenha havido uma explosão de consumo (ai nasceu o Marketing), a expansão comercial de lugar aos modelos de “Distribuição Comercial” (anos 50) e muito tempo depois à “Distribuição Física” (anos 80). Portanto o que eu praticava nos projetos de fábrica da GMB em Detroit foi a “Logística Industrial” que engloba: Movimentação e Armazenagem de Materiais e Layout. E nesse período, a única grande mudança os modelos de gestão empresarial e processos industriais foi o modelo “TPS – Toyota Production System” com baixo reflexo na Logística, o que no Brasil só veio ocorrer nos anos 90.
Até então, poucas transformações ocorreram e começamos a “pensar o futuro” lá pelos anos 1988/1989 devido a fatores que dali em diante passaram a ter impactos constantes:
1. Gestão da Logística Integrada (antes em dois grupos: Administração de Materiais e Distribuição Física);
2. Globalização Comercial, Financeira e de Informação;
3. União Europeia e Formação de Blocos Econômicos;
4. Cenário Político conturbado no Brasil;
5. Cenário Econômico desastroso no Brasil;
6. Início e avanço rápido das Tecnologias (informação e Processos);
7. Mudanças em Modelos Organizacionais e Gestão de Processos.
B. Profetas e Profecias
Posso afirmar que, olhando do final dos anos 80 até inícios dos anos 2000, a releitura não indica nenhum grande impacto na Logística. Mas tudo mudou a partir dai!
E, com um fator super importante: Os profetas de amanhã (aí eu também me incluo) pouco acertaram em suas profecias. Porque enxergar efeitos de fatos presentes no futuro não é fácil!
1. Com a estabilização da moeda “Real” em 1994 acabamos que entramos no ciclo da “PRODUCTLOG – Produtividade na Logística”. Não aconteceu;
2. Com a introdução do ERP, WMS e TMS entendíamos que seria possível introdução de novos modelos de integração “Fornecedor – Varejo” como VMI, CRP, ECR. Nada foi pra frente;
3. Achávamos que o EDI seria substituído pela troca instantânea de informação “inter-company”. Só foi acontecer com a introdução da tecnologia digital;
4. Om a criação da Secretaria Especial dos Portos, projetamos forte crescimento da Cabotagem. Teve crescimento vegetativo;
5. Com o PIL – Programa de Investimento em Logística e a EPL – Empresa de Planejamento e Logística, acreditamos no crescimento do modal Ferroviário e ampliação do modal Hidroviário. Engano total! Só projetos e roubo de bilhões de reais;
E porque erramos tanto? Enquanto a China crescia como potencia econômica, o Brasil com um governo de esquerda-populista entrou numa fase de incertezas, indefinições e com a agravante de uma política errática e roubos monstruosos nos investimentos levando a retração.
C. FUTURO: Transformações, Oportunidades e Desafios da Logística
Alvim Toffler, escritor e futurista americano, conhecido pelos livros com foco em revolução das comunicações e da tecnologia digital, em sua obra prima de 1980, “A Terceira Onda” disse:
“Na terceira onda, a principal inovação está no fato que o conhecimento passou a ser um meio dominante na produção de riquezas”.
Acertou em cheio, há quase 40 anos!
Só que em 2012, o Governo alemão criou um projeto estratégico denominado “Indústria 4.0: (Robotics and Smart Digital Technologies)”. Portanto posso concluir que I4. 0 = 3ª ONDA
E vamos seguir nas reflexões:
1. TRANSFORMAÇÕES 1: Na minha visão a mais concreta com sérios impactos na Logística do amanhã está na PESSOA / Recursos Humanos. Ao mesmo tempo em que Logística passou de assessório para essencial, temos profissionais entrantes da Geração “Y” (que já está em posição de comando) e a Geração “Z”. Além dos conflitos com as duas gerações anteriores, o mais grave é que essas duas ultimas são do tipo “errar e corrigir rápido”, sem paciência e baixa formação fundamental na teoria Logística.
Vamos entrar numa fase de alongamento dos profissionais mais antigos para garantir a estabilidade dos processos.
2. TRANSFORMAÇÕES 2: Sem dúvida o maior deles está na Logística Comercial resultante das mudanças do e-commerce tradicional para o “Omnichannel” e o “Marketplace”.
3. OPORTUNIDADES: São amplas. Basta entender as imagens abaixo:
Podendo abusar do termo “Logística 4.0”, as oportunidades para a Logística são crescentes e talvez de maior crescimento, Por quê?
Porque na gestão empresarial (Indústria, Transportes e Varejo), LOGÍSTICA SAIU DE COADJUVANTE PARA PROTAGONISTA DO SUCESSO E DOS RESULTADOS!
4.) DESAFIOS: Não são poucos para essa Logística de alta performance, mas para os próximos anos podemos agrupar, conforme ilustrado a seguir:
E complementando, os desafios, para entender as novas tecnologias e suas aplicações para a Logística dos próximos anos:
CONCLUSÕES:
– Logística é a principal e mais importante área da ciência da administração empresarial responsável para cumprir metas e assegurar resultados;
– As Transformações tendem a se acelerar aumentando a complexidade da Gestão e Operação Logística em decorrência da concorrência desenfreada e descontrolada do mercado consumidor;
– As Oportunidades em Logística são crescentes em todos os segmentos, mas necessita de profissionais habilitados, competentes, criativos, atualizados e com perfil analítico bem fundamentado;
Os Desafios sãos enormes e aí está o principal obstáculo para o bom entendimento das oportunidades, se as empresas e os profissionais não souberem compreender como ocorrem e o que causam as transformações.