Trem, recursos e barrar pedágio são prioridades

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Reeleito deputado estadual com 114 mil votos, o deputado estadual americanense Cauê Macris (PSDB) se prepara para assumir o terceiro mandato na Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo), hoje presidida por ele. O tucano concedeu entrevista semana passada ao LIBERAL para comentar o resultado e falar sobre futuro. A meta, segundo ele, é continuar ajudando na intermediação de recursos para a região.

A entrevista com Cauê Macris encerra a série publicada pelo LIBERAL em três domingos seguidos com os deputados eleitos da região, todos convidados logo após a eleição. O primeiro entrevistado foi Dirceu Dalben (PR), de Sumaré, também eleito para Alesp. No último domingo, Vanderlei Macris (PSDB), reeleito deputado federal.

Cauê foi o deputado mais votado do PSDB em São Paulo e também o mais votado da RMC (Região Metropolitana de Campinas). Apesar disso, teve redução expressiva de votos em Americana, explicada por ele na entrevista. No bate-papo, ele defende mudança no sistema eleitoral e investimentos em infraestrutura no Estado para geração de emprego, além de comentar o rompimento com o prefeito de Americana, Omar Najar (MDB).

O que precisa ser prioridade do próximo governador do Estado?

Precisamos retomar a geração de empregos. O que precisamos é de investimento, infraestrutura, moradias populares, o trem intercidades, que venha a Americana, que vamos trabalhar para isso. São obras de infraestrutura, que geram empregos. O grande desafio é diminuir o tamanho do Estado, cortar custos e regalias de quem está no poder. É nossa grande bandeira. Precisamos banir a corrupção, fortalecer as instituições de fiscalização e aproximar o poder público da população.

Na Alesp, o que seu mandato vai buscar para a região, já de início?

Nosso compromisso regional é a principal atuação. A gente precisa defender as teses gerais que coloquei, mas também fazer esse trabalho regional, de garantir recursos, investimentos, estar junto. Quando vierem discutir a colocação de pedágio na SP-304, vai ser hora de bater no peito e não deixar, o trem intercidades, que agora estão falando de ir somente até Campinas, será momento de não deixar, de lutar para que venha até Americana. E buscar recursos para diversas áreas, de infraestrutura urbana, hospital municipal, que infelizmente a prefeitura até agora não conseguiu terminar a obra, trazer investimentos para mobilidade urbana, porque a gente está vendo o caos que está o trânsito com as mudanças que estão sendo feitas. Se precisar, buscar recursos para isso, e tantas outras coisas que são possíveis de serem feitas.

O prefeito Omar relatou que existe uma promessa do governador Márcio França (PSB) de transformar o HM em estadual, aos moldes do que ocorre em Sumaré. Ele disse também que faltou empenho seu ao articular isso junto do então governador Geraldo Alckmin (PSDB). Isso foi apresentado? O que você acha da medida?

Eu acharia ótimo. Foi apresentado ao Alckmin, que não topou, disse que o Estado não tinha condições de assumir um hospital municipal. Eu gostaria muito que acontecesse, seria fantástico para a cidade e para a região. Mas não é simples. Acho que a gente pode rediscutir esse tema no futuro.

Apesar da boa votação e a reeleição, os votos em Americana caíram. A que você atribui isso, e como foi a estratégia de pulverizar os votos?

O PSDB clama por uma repaginação do partido, nós temos que fazer uma mea culpa agora após as eleições para discutir os principais erros e medidas para mudar posturas, posicionamentos e nesse momento surgem novos líderes, e eu tenho a satisfação de ter sido o mais votado do PSDB no Estado. Ter a votação, que tivemos, no meio dessa avalanche. Ao mesmo tempo o mais votado da RMC, que é a segunda maior do Estado. Isso mostra que o trabalho está no caminho certo. Entendo que o modelo eleitoral que a gente tem hoje é falido, porque precisamos destritalizar as ações da atuação legislativa. Pegar cidades que dão votações para candidatos que não são regionalizados, e essas cidades acabam sendo prejudicadas. No dia da eleição eu estava comemorando, mas dizia que estava triste porque a cidade perdeu representatividade. Isso é reflexo de um modelo que faz com que se tenha que pulverizar votos para conseguir se eleger. Um deputado precisar de 80 mil votos, é muito. Se tivesse um modelo em que a região escolheria, teria deputados eleitos com 20, 30 mil votos, e esses deputados teriam compromisso com as cidades para ser o interlocutor legítimo com o Estado.

Existem entendimentos de que esse formato distrital beneficia quem já está no poder. Você concorda?

Não necessariamente, porque se tiver um distrito com quatro ou cinco prefeituras, sempre nas mudanças de prefeito, mudam-se grupos políticos também. E eu defendo o modelo misto, em que se vota duas vezes para deputado estadual e federal. O primeiro é no deputado local, que te representa, que está no dia a dia. O segundo voto seria o voto da ideia, votar no partido. Não muda, porque hoje deputados que já estão eleitos são beneficiados, porque estão expostos, tem estrutura de trabalho.

Foi uma boa decisão deixar de concorrer ao Senado para disputar a reeleição, já que o PSDB conseguiu eleger a Mara Gabrilli?

Por sinal, abri mão para ela entrar no meu lugar. A Mara foi quem se beneficiou em eu ter deixado a disputa do Senado. O PSDB tinha esse compromisso comigo, de ser o candidato a senador, mas eu compreendo que na vida a gente tem que dar um passo de cada vez. E o passo não pode ser maior que a perna. A gente tem que tomar muito cuidado, porque a gente já tinha alguns sinais de que essa eleição seria diferente, com redes sociais. Foi muito atípica, com uma população muito brava, e com razão. A gente precisa tomar medidas mais duras para entender o que a sociedade espera do governo. O recado foi dado na urna.

Fonte: O Liberal
Data: 28/10/2018