Chinesa BYD pode assumir fabricação de monotrilho da Linha 17-Ouro

Conhecida principalmente por ser a maior fabricante de baterias de íon de lítio do mundo, a empresa chinesa BYD (da sigla Build Your Dreams, construa seus sonhos) deve assumir a fabricação do monotrilho da Linha 17-Ouro do Metrô de São Paulo. A informação foi revelada nesta sexta-feira pela colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de São Paulo.

Hoje o trabalho de construir os trens e também instalar sistemas de sinalização e de operação das portas de plataforma está a cargo da fabricante Scomi, da Malásia, mas a empresa desistiu de participar do projeto, que está anos atrasados e cujos sócios no consórcio Monotrilho Integração, as construtoras Andrade Gutierrez e CR Almeida, brigam na Justiça para deixar a obra.

A nota da colunista, no entanto, traz uma informação errada ao atribuir à CPTM a decisão de “assinar um contrato” com a nova empresa quando na verdade se trata de um projeto do Metrô e cuja operação será repassada à Via Mobilidade, que hoje está à frente da Linha 5-Lilás.

O site enviou perguntas para os envolvidos e aguarda um posicionamento. Enquanto isso, resta especular o que a mudança de fabricante pode significar na linha.

Gigante das baterias de íon de lítio

A BYD é uma gigante chinesa que atua mais fortemente no transporte coletivo sempre focada na propulsão elétrica. Inclusive, a empresa entregou ônibus elétricos para a prefeitura de São Paulo recentemente e tem aos poucos ampliado sua presença no Brasil e no mundo. Seu proprietário Wang Chuanfu já foi o homem mais rico do mundo e tem como um dos sócios o americano Warren Buffet, megainvestidor conhecido por participar de várias grandes empresas.

A entrada no ramo dos monotrilhos, no entanto, é recente. A BYD lançou seu projeto de monotrilho em 2016 e o batizou de Skyrail. Trata-se de um trem de linhas modernas e aerodinâmicas e que está funcionando numa linha “protótipo” em Shenzen, na China. A empresa já oferece o monotrilho em várias cidades do mundo incluindo os Estados Unidos, onde teria demonstrado interesses de cidades como Nova York.

No Brasil, a BYD fechou contrato com o governo da Bahia para construir um monotrilho que terá um trecho sobre o mar num antigo trecho de trem de subúrbio. Serão 20 km e 22 estações ao todo.

“size-medium wp-image-6004″ src=”https://www.truckbrasil.com.br/wp/wp-content/uploads/2018/12/chinesa-byd-pode-assumir-fabricacao-de-monotrilho-da-linha-17-ouro.jpg” sizes=”(max-width: 100%) 100vw, 750px” alt=”” width=”750″ height=”500″/>Interior do monotriho da BYD: apetite chinês por novos negócios é grande

Novo ou adaptado?

A grande questão que surge nessa provável negociação é como a BYD fará para substituir a Scomi. Como se sabe, monotrilhos têm peculiaridades que fazem de suas linhas praticamente únicas. Por exemplo, as vigas-trilho da Linha 17 foram concebidas e moldadas para receber o trem da Scomi, com isso não só o formato mas a posição dos trilhos e a passagem de cabos é feita sob medida para o modelo malaio.

O outro problema está no fato de a Scomi já ter um trem em teste na Malásia além de duas ou três composições em fabricação e algumas caixas produzidas no Brasil. Diante disso, não se sabe se a BYD optará por finalizar esses equipamentos e adaptá-los ao seu projeto ou se planeja desenvolver uma versão do Skyrail que se “encaixe” nas vigas da Linha 17.

Sobre os sistemas, mais interrogações. O site soube por um executivo da Scomi que o sistema de sinalização seria de origem chinesa, mas sem especificar qual fornecedor. Agora, com a BYD à frente do projeto fica a dúvida se ela seria a fornecedora da empresa malaia.

Apesar das dúvidas, caso a mudança seja confirmada pelo Metrô terá sido uma boa notícia. A Scomi, embora tenha uma boa experiência com monotrilhos, está numa situação financeira delicada. A fabricante também não tem tido sucesso em exportar seu modelo de trem até agora. Além do Brasil, onde também será fornecedora da Linha 18-Bronze, há um monotrilho em Muambai, na Índia, mas que ficou parado por vários meses por problemas técnicos.

Nesse cenário, o apetite chinês por novos negócios pode ser uma saída fabulosa para um projeto que já esgotou sua cota de problemas.

Fonte: Metrô CPTM

Data: 21/12/2018