Doria confirma que vai privatizar CPTM e promete portas de plataforma nas estações da companhia de trens

O governador de São Paulo, João Doria, confirmou na manhã desta sexta-feira, 04 de janeiro de 2019, que pretende conceder a CPTM – Companhia Paulista de Trens Metropolitanos à iniciativa privada durante seu mandato.
Em entrevista à Rádio Jovem Pan, Doria, disse que a concessão será total, ou seja, envolvendo todas as estações.
“As estações [da CPTM] todas serão privatizadas. Ao serem concedidas, terão condições de monitoramento, de conforto e acessibilidade. As estações não são boas, aproveito para fazer aqui um registro de crítica às estações da CPTM. Elas estão distantes do padrão das estações do Metrô e terão ao longo dos quatro anos de nosso mandato o mesmo padrão das estações do Metrô e as portas de vidro [portas de plataforma] também que garantem mais segurança no acesso, no ingresso aos vagões e nas saídas também. [Além de] monitoramento eletrônico 24 horas, sem nenhuma área de sombra, além da segurança que tem de ser feita fisicamente nas estações ferroviárias, metroviárias e rodoviárias em São Paulo” – disse ao comentar a notícia sobre uma moradora em situação de rua, de 27 anos, que foi vítima de tentativa de estupro na estação Mooca da CPTM. A polícia pediu imagem das câmeras da estação, mas os equipamentos não estavam funcionando.

Apesar de ter citado somente estações na entrevista, o intuito da nova gestão é conceder todo o sistema, incluindo as operações das linhas.
Não está definido se a concessão será de forma separada entre estações e operação ou se quem assumir as estações também será responsável por operar as linhas.
Como mostrou o Diário o Transporte no dia da posse de Doria, a concessão da CPTM terá desafios, como a diferença da lucratividade entre as linhas do sistema. Enquanto há ligações que se sustentam, como a 8-Diamante (Júlio Prestes – Amador Bueno) e 9 – Esmeralda (Osasco – Grajaú), outras dependem de subsídios ou repasses, como a 7 Rubi (Luz – Francisco Morato – Jundiaí) ou 10 – Turquesa (Brás – Santo André – Rio Grande da Serra).
O assunto gera impasse, o que impediu o avanço da questão ainda com Geraldo Alckmin no comando do Governo do Estado de São Paulo.
Uma das alternativas é que a iniciativa privada opere em forma de subsídio cruzado, ou seja, quem pegar uma linha lucrativa vai ter de levar também linhas com menos retorno financeiro, mas que são socialmente importantes.
Doria ainda disse que o secretário de Transportes Metropolitanos, Alexandre Baldy, deve logo dar uma definição sobre a continuidade das obras da linha 6-Laranja do Metrô (Vila Brasilândia – São Joaquim), que estão paradas desde 02 de setembro de 2016.
O ex-governador Márcio França decretou a caducidade do contrato com Consórcio Move São Paulo S.A, formado pelas empresas Odebrecht, Queiroz Galvão e UTC, alvos das investigações sobre corrupção realizadas pela Operação Lava-Jato. As companhias, devido ao abalo de credibilidade, tiveram dificuldades de obter financiamentos e continuarem as obras.
Ainda na transição, Doria anunciou que uma das intenções é reverter a medida do antecessor e rival político.
Também como mostrou o Diário do Transporte, em 31 de dezembro, o Governo do Estado de São Paulo, por meio da STM – Secretaria de Transportes Metropolitanos publicou a liberação de R$ 12,93 milhões para o Metrô cuidar dos canteiros de obras paradas e fazer vigilância e manutenção preventiva das intervenções realizadas até agora na Linha 06-Laranja, fruto da primeira PPP – Parceira Público Privada integral na área de transportes que foi frustrada.
Na entrevista, o governador recém-empossado, disse ainda que ao longo do seu mandato, os trens intercidades, que ligam diferentes municípios do interior, sairão do papel já com a iniciativa privada à frente.
Doria diz que há grupos econômicos interessados e que deve aproveitar o que chamou de “apetite chinês”, se referindo a empresas chinesas ligadas a produção e operação de ferrovias e ônibus elétricos.

Fonte: Diário do Transporte

Data: 04/01/2018