VUCA elevado a 5G

O conceito do mundo VUCA, traduzido do inglês como Volátil, Ambíguo, Incerto e Complexo foi incorporado ao mundo corporativo só mais recentemente, mas foi lançado na década de 90. O quadro atual, precipitado e acelerado pela pandemia a partir da Covid-19, talvez justificasse elevar a percepção da realidade VUCA à potência 5G.

Foi essa uma das perspectivas discutida durante o Global Retail Show 2020 realizado na última semana.

O evento mostrou em 173 horas de conteúdo e com o apoio decisivo de 326 palestrantes e debatedores de 15 países e mais duas pesquisas exclusivas, uma realizada em 17 países com 5.023 participantes e outra com líderes do negócio de varejo e consumo no Brasil, o cenário em transformação e, muito mais importante, caminhos para empresas e negócios se reposicionarem em relação à nova realidade.

No exterior e no Brasil dirigentes, executivos, profissionais, professores e consultores que atuam em todo o ecossistema que envolve o consumo e o varejo e que inclui diferentes categorias, formatos, canais, negócios, marcas e serviços, envolvendo lojas, e-commerce, venda direta, centros comercias planejados ou naturais, foodservice, serviços financeiros, meios de pagamentos reunidos em 19 trilhas de conhecimento debateram a realidade e as alternativas para a empresas, as marcas, os negócios e também sobre sua própria atuação como líderes num cenário nessa transformação exponenciada 5G.

Vimos as mudanças que estavam em curso na geopolítica global e que foram potencializadas pela pandemia, as tendências que foram aceleradas no período, as transformações digitais e seus impactos na economia, no

mercado, nas empresas e, principalmente com os omniconsumidores-cidadãos do mundo todo.

Tudo isso numa semana e no tempo equivalente ao programa de um curso pós-graduação Latu Sensu.

Nesta semana muito conteúdo foi trazido para repensar negócios, atividades, vocações, opções e, de forma paralela, sobre nossa própria vida, atitudes e comportamentos.

Ao final teríamos muito a comemorar pela contribuição gerada, não fosse a realidade de perto de 136 mil mortes no Brasil e 13.700 desempregados, 14,3% população do país.

Mas o evento trouxe algumas mensagens sutis, porém muito importantes, que merecem ser destacadas.

Houve um mínimo de governos, por aqui com exceção do Banco Central no seu papel regulador ante a grande transformação em curso envolvendo meios de pagamentos.

Outro destaque importante foi a união de lideranças, concorrentes, entidades, associações, universidades, empresas, negócios, ONGs e muito mais, buscando diversidade, pluralidade, visão ampla sem restrições juntos discutindo e aprendendo sobre o que pode ser melhor para todos.

Se é verdade que o Brasil sai mais dividido, endividado, criticado, desigual e vulnerável, apesar de ser a potência que todos sabemos ser, ficou claro que cidadãos e líderes, saem mais conscientes, informados, sensibilizados e solidários de todo esse processo.

Não faz sentido que líderes, o setor privado e a sociedade saiam engrandecidos desse processo e o país saia menor. E isso só ocorre porque o país, ao invés de se unir, se desuniu nesse episódio.

E acreditamos que, discutido tudo que foi discutido e aprendido nesse processo é preciso repensar caminhos para não continuarmos a fazer a mesma coisa esperando resultados diferentes.

Talvez seja preciso repensar a representação dos setores privados, assumindo novas responsabilidades para além dos três poderes institucionais e do 4º poder da imprensa, é importante organizar e estruturar o setor privado para atuar como poder moderador nos grandes temas estratégicos.

Neste cenário VUCA exponenciado pelo 5G, ao final do Global Retail Show 2020, saímos com o sentimento de que demos um passo importante graças à generosidade, amizade, sensibilidade e solidariedade – palavras que adquiriram outra dimensão  nesta pandemia – de amigos, parceiros, patrocinadores, nosso time, e dos líderes que inspiram líderes que deram uma amostra eloquente de como devemos nos unir, e não dividir, para enfrentar os desafios.

* Imagem reprodução