Com grande experiência no monitoramento de vacas e profundo envolvimento com o setor agropecuário, é fascinante observar a influência transformadora que a tecnologia tem exercido sobre a produção leiteira no Brasil. O Brasil tem posição de destaque como um dos principais produtores globais, com uma produção anual de mais de 34 bilhões de litros de leite e empregando cerca de 4 milhões de trabalhadores em praticamente todos os municípios.
Ao longo dos anos, tem sido notório como o mercado tem evoluído e como os produtores têm migrado para soluções tecnológicas a fim de maximizar a produtividade local. Isso porque, com mais de 1 milhão de propriedades produtoras de leite no país, as projeções da Secretaria de Política Agrícola delineiam um cenário no qual os produtores que mais se adaptarem à tecnologia permanecerão na vanguarda até 2030.
Além disso, a crescente preocupação no bem-estar animal, especificamente das vacas leiteiras, ganhou considerável importância na agricultura, refletindo uma mudança positiva de mentalidade por parte dos produtores em relação à gestão do rebanho, até porque, se ninguém além de nós mesmos pode dizer o que queremos ou estamos sentindo, porque poderíamos fazer pelas vacas?
Nesse contexto, surgiu a utilização de tecnologias como coleiras de monitoramento, as quais, com o auxílio da Inteligência Artificial, permitem uma comunicação mais abrangente com as vacas.
Através do monitoramento contínuo em tempo real, os pecuaristas têm acesso a informações cruciais sobre o comportamento das vacas, como seus períodos de descanso, hábitos alimentares e até mesmo os momentos de ruminação. Esses dados proporcionam uma visão holística da saúde e do comportamento do rebanho, viabilizando a detecção precoce de enfermidades, o rastreamento do ciclo reprodutivo e a identificação dos períodos de maior consumo de alimentos.
A efetividade dessas soluções tecnológicas tem despertado confiança nos produtores, inclusive motivando muitos deles a se tornarem investidores. Durante rodadas de investimento na plataforma de equity crowdfunding Captable, a COWMED, agtech que eu e meu irmão Leonardo Guedes fundamos, pudemos nos consolidar como uma das maiores rodadas de captação de startups no Brasil. O que surpreende é que é notável que uma parte considerável desses investimentos é proveniente de clientes que expressam grande confiança no potencial dessas tecnologias, a ponto de se tornarem investidores por si mesmos.
Esse nível de confiança dos produtores não é mera coincidência, mas sim uma validação do impacto positivo que tecnologias como a Inteligência Artificial e a Internet das Coisas (IoT) têm sobre o setor agropecuário. Acredita-se que a experiência positiva do cliente vai além da simples implantação da tecnologia, envolvendo um comprometimento contínuo em oferecer suporte e orientação durante todo o uso dos recursos tecnológicos.
Para cumprir essa promessa, é preciso disponibilizar uma equipe de veterinários e especialistas em zootecnia, devidamente treinados para oferecer assistência às propriedades atendidas. Além disso, proporcionar treinamentos especializados abrangendo áreas como reprodução, saúde animal, gestão zootécnica e nutrição precisa. Os clientes também devem participar de encontros periódicos para acompanhamento e alinhamento de estratégias.
Essa parceria com os produtores rurais é uma maneira de envolver o setor de forma mais ativa e contribuir diretamente para a disseminação e promoção de ideias inovadoras, as quais serão cruciais para moldar o futuro da produção leiteira no Brasil.
À medida que defensores da aplicação da IoT e da Inteligência Artificial no agronegócio, é gratificante perceber o impacto positivo que as startups estão gerando ao integrar tecnologias de ponta e conhecimento especializado. Esse movimento não apenas fortalece o setor, mas também o torna mais resiliente e sustentável, pavimentando um caminho promissor para o futuro da produção agropecuária.
Autor do Artigo: Thiago Martins – CEO e Cofundador da COWMED
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