Para Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos:
O resultado de -0,02% no IPCA de agosto está alinhado com a maioria das projeções. Na minha visão, ele reforça o argumento de que parte do mercado, que acredita que não será necessário aumentar os juros no próximo ano, tem uma base sólida para essa posição. Ao observarmos os serviços subjacentes, que têm sido um foco tanto do mercado quanto do próprio Copom, notamos uma desaceleração significativa, passando de 0,63% para 0,28%.
Os serviços em geral também caíram de 0,75% para 0,24%. É claro que a volta da bandeira verde em agosto trouxe um alívio importante em vários itens, mas, mesmo assim, me parece precipitado alterar os juros na semana que vem. A expectativa é de uma alta de 0,25%, o que acreditamos que o Banco Central vai implementar como parte de um ciclo de elevação, mas não consideramos isso necessário.
O Banco Central poderia manter uma postura mais rígida (“hawkish”) e conservar a taxa de juros no patamar atual, já que os dados de inflação não justificam uma ação imediata. Além disso, o cenário externo é cada vez mais favorável, com os principais bancos centrais do mundo cortando juros, o que deve valorizar nossa moeda, e com a queda contínua dos preços do petróleo, que tende a aliviar os custos ao longo de toda a cadeia produtiva, compensando a alta da energia elétrica.
