EMBRAPII apoia desenvolvimento de estação de tratamento de efluentes sem insumos químicos

Solução faz combinação inédita de tecnologias para preservação do meio ambiente

Os efluentes, resíduos produzidos tanto pelas indústrias quanto pelo ser humano em seu ambiente doméstico, e que são descartados sobre a forma de líquidos ou gases, oferecem riscos significativos ao meio ambiente. Para atender a essa demanda, a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII) apoiou o desenvolvimento de um sistema de tratamento de efluentes que não utiliza insumos químicos e nem libera resíduos e concentrados prejudiciais à vida animal ou humana. A iniciativa da startup fluminense Letras e Bits, contou com a atuação dos pesquisadores da Unidade EMBRAPII – Instituto Federal Fluminense (IFF), de Campos de Goytacazes, especializada em produção mais limpa.

Após vários testes, os pesquisadores chegaram a uma tecnologia de última geração de utilização do ozônio, com espectro germicida maior, mais rápido e eficiente na degradação de compostos do que elementos químicos como o cloro, por exemplo. O objetivo é a recuperação de efluentes complexos, como o chorume de lixo de aterro sanitário ou a água oleosa de plataformas de petróleo.

Combinação inédita de três técnicas de tratamento

O grande diferencial do projeto está na combinação inédita de três técnicas: além do ozônio, cuja ação é turbinada por corrente de energia elétrica, a estação de purificação utiliza radiação ultravioleta e fotocatálise (processo que utiliza a energia luminosa para realizar reações químicas). As três técnicas juntas levam à quebra das moléculas dos efluentes e de seus resíduos, evitando o descarte de concentrados. Os efluentes passam algumas vezes pelos equipamentos da estação até a obtenção do resultado final.

Ecologicamente correto, o sistema também é economicamente sustentável, de custo inferior ao de estações de tratamento tradicionais. “O único insumo que utilizamos é praticamente a energia elétrica – e, ainda assim, em quantidade reduzida, sendo possível alimentá-lo a partir de uma tomada doméstica”, explica Wagner Vianna Bretas, pesquisador e coordenador do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) do IFF.

Estação portátil e customizada

Segundo os pesquisadores, a solução é compacta e de fácil transporte, que pode ser levado para teste e customização na própria indústria contratante. “O skid (protótipo padrão da estação) está configurado para tratar 250 litros em 2,5 horas, mas podemos potencializar esse resultado, conseguindo obtê-lo em meia hora, com apenas um concentrador de oxigênio a mais”, exemplifica Bretas. A estação pode ser turbinada ainda com o acréscimo de equipamentos como uma bomba, um compressor, um gerador de ozônio. Assim, é possível comercializar o pacote completo dos serviços de tratamento de efluentes – e não a estação. A cobrança é feita a partir do volume de efluentes tratados, de forma que a empresa mantém o domínio da tecnologia.

Pedro Henrique da Silva Bretas, engenheiro de Recursos Hídricos e Meio Ambiente e CEO da startup Letras e Bits, conta que o apoio da EMBRAPII motivou inclusive a mudança da sede da empresa da cidade de Teresópolis para Campos Goytacazes, onde está o Instituto Federal Fluminense. Quando começou a idealizar a estação de tratamento de efluentes sem uso de insumos químicos, a empresa já pensava em usar a metodologia de oxidação avançada. Mas somente com a combinação de tecnologias proposta pela Unidade EMBRAPII é que foi possível elevar em 32 a 36 vezes a eficiência do processo, permitindo a quebra de moléculas de cadeias longas de carbono a ponto de volatizá-las como gás – o que evita a dispensação de concentrados bastante prejudiciais ao meio ambiente.

“A parceria foi tão promissora que já começamos a planejar o ciclo 2 do projeto”, conta o CEO da startup. A proposta é atingir outros mercados e, ao mesmo tempo, aperfeiçoar as estações de tratamento, deixando-as mais compactas e acessíveis para outros ramos industriais. A Letras e Bits já está planejando a expansão de suas operações para Nordeste e Sudeste brasileiros e tem expectativa de tratar algumas centenas de metros cúbicos de efluentes em diferentes indústrias no segundo semestre de 2023.

Além do fomento da EMBRAPII e todo o acompanhamento de gestão do projeto, a startup contou com o apoio financeiro do Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas e prefeitura de Campos de Goytacazes.

Sobre a EMBRAPII

A EMBRAPII é uma Organização Social com Contrato de Gestão com os Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Educação (MEC), Economia (ME) e Saúde (MS). São disponibilizados recursos não reembolsáveis e suporte técnico das atuais 89 Unidades EMBRAPII distribuídas pelo país para o desenvolvimento de projetos de inovação demandados pelas empresas. Em 9 anos de existência da entidade, já foram apoiados 1.832 projetos, totalizando R$ 2,5 bilhões em investimentos em inovação industrial.