Mercado de outlets ainda não está maduro no Brasil

Mariana Sant’Anna, iG Rio de Janeiro

Modelo com grandes lojas ainda não decolou no País, mas tem oportunidade de crescer e conquistar o público, dizem especialistas

Lojas enormes, com muita variedade e descontos arrasadores. Essa soma de fatores é o que se espera encontrar em um bom outlet, tomando-se como referência as lojas de descontos dos Estados Unidos. No Brasil, no entanto, esse modelo não chegou a emplacar. A maior parte das lojas de ponta de estoque são menores, com pouca variedade e nem sempre os descontos são tão atraentes.

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O modelo americano ainda não é comum no Brasil, mas pode se consolidar nos próximos anos, segundo especialistas ouvidos pelo iG. “Existem muitas diferenças culturais entre o consumidor brasileiro e o americano”, avalia Fabio Pina, economista da Fecomercio-SP. Para ele, o modelo ainda não encontrou sua fórmula no Brasil.

Outlet Premium, na região de Campinas (SP)

Outlet Premium, na região de Campinas (SP)

Foto: Divulgação

Para Marcos Hirai, sócio-diretor da BG&H, a perspectiva para esse tipo de varejo é animadora. “O Brasil é a bola da vez para os outlets. Esse setor deve explodir em cinco anos”, avalia.

Novo hábito de consumo

Os especialistas concordam que a inauguração do Outlet Premium, que abriu as portas em 2009 na região de Campinas (SP), deu um impulso para que esse tipo de varejo amadureça no Brasil. “Esse tipo de shopping cria o hábito de consumo”, avalia Fabio Pina. Mas para que tenha sucesso, o economista acredita que pode ser necessária uma adequação cultural do modelo ao gosto do brasileiro. “Nem tudo o que dá certo lá funciona aqui, basta lembrar de todas as empresas de fast food que investiram no Brasil e não emplacaram”, diz.

Hirai é mais otimista em relação ao setor. “A inauguração do Outlet Premium mostrou que há público para as lojas de descontos. Ele está sempre cheio”, afirma. Hirai afirma que há administradoras de shoppings brasileiras de olho nesse mercado e interessadas em abrir grandes outlets no Brasil, e alguns devem abrir as portas ainda em 2012. “Há empresas que operam outlets nos Estados Unidos fazendo estudos para entrar no mercado nacional”, revela.

O surgimento de outros shoppings neste modelo pode tornar o mercado brasileiro mais parecido com o americano, segundo Hirai. “Lá os outlets não vendem só produtos de ponta de estoque. Há uma indústria voltada para essas lojas, que fabrica produtos que não vão para as lojas comuns. Isso só faz sentido porque nos Estados Unidos há muitos outlets”, afirma. Para ele, este movimento pode também acontecer no Brasil, com o aumento no número de shoppings de lojas de desconto. “A indústria não vai conseguir suprir os outlets só com ponta de estoque, então deve começar a produzir itens voltados para eles”, aposta.

Confira a lista de outlets no Rio

Pina acrescenta que, para que o modelo se estabeleça com sucesso, o outlet não pode frustrar o consumidor. “Se você vai à loja e não encontra variedade, ou os preços são altos, você não volta lá”, diz.

Apesar do aquecimento do setor à vista, Hirai alerta: por mais que os outlets brasileiros cresçam, ofereçam mais variedades e consigam reduzir seus preços, nunca vão ser tão atraentes como os americanos. “Aqui a carga tributária e os custos de logística pesam. Por causa do custo Brasil, nunca vamos ter preço de outlet americano.”