Mulheres desconstroem estigma e se destacam nas empresas de transportes

Artigo de Mércia Gomes, advogada especialista em trânsito, especial para o Dia Internacional da Mulher sobre os desafios das mulheres nas empresas de transportes.

Como o fator relevante no passado nas falas “mulheres no volante perigo constante”, deve ser ressaltado que não existe mais essa fala preconceituosa e nem impera na sociedade, tendo enfatizado a relevância das mulheres no mercado de trabalho como motoristas nas empresas de transportes.

O setor de transportes brasileiro conta com cerca de 2,2 milhões de profissionais, sendo 17% do sexo feminino, disso destaca-se que a maior parte das mulheres possui entre 30 e 39 anos e ensino médio completo, informações trazidas do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), e apresentam uma oportunidade.

Segundo o estudo “Perspectivas Sociais e de Emprego no Mundo – Tendências para Mulheres 2017”, criado e divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), diminuir a diferença nas taxas de participação entre homens e mulheres no mercado de trabalho produziria benefícios significativos para a sociedade e até para a economia em nível global. Se essa diferença se reduzisse em 25% até 2025, poder-se-ia adicionar US$ 5,8 trilhões à economia global e aumentar as receitas fiscais.

O transporte rodoviário de cargas caminha nessa direção, sendo visível a participação de mulheres nos negócios.

Atualmente é clara a participação e escolha por mulheres quanto ao transporte numa empresa do setor de entregas, além de outras que faz–se necessário o comprometimento e dedicação durante o tráfego e ainda no que tange ao tempo de percurso. Isso se justifica ao comprometimento das mulheres que na grande maioria são mães, esposas e querem retornar ao seu lar para os compromissos com os filhos entre outros.
Tem sido de tamanha grandeza a qualidade na entrega, pontualidade e manutenção dos produtos sem qualquer desfazimento.

Transporte é universo masculino?
Há algum tempo, isso vem mudando, porém a luta continua no setor de Gestão e Coordenadoria, que ainda é um mercado preferencialmente do universo masculino, existem poucas mulheres nesse setor.

A situação melhorou. Em meados de 1980, por exemplo, não havia praticamente nenhuma mulher. O setor era praticamente dominado por homens. Mulheres nem eram observadas, então imaginem a ausência de respeito pelas profissionais?!?!

Claro que, mesmo sendo um mercado que boa parte tinham homens na gestão, existiram diversas mulheres que fizeram história. Não foi a regra, porém. Bom que isso atualmente está movimentando e mudando o setor de mercado de transportes.

Diferencial entre o masculino e feminino no setor!

Diversas são as razões oferecidas por ter mulheres no comando nas empresas de transportes. Uma delas é que a gestão feminina oferece atenção aos detalhes e uma capacidade diferenciada de organização. Além disso, podemos citar as características de habilidade com as relações pessoais, valorização do clima organizacional e criatividade. Nesse sentido, tivemos a opinião de duas mulheres comprovada pelo relatório “Mulheres Importam: um motor de desempenho corporativo”, da Consultoria McKinsey.

Foram pesquisadas 900 organizações em todo o mundo. Nas empresas de transportes que têm três ou mais mulheres em altos cargos de gestão houve pontuação nas nove dimensões de eficiência da pesquisa: direção, liderança, cultura e clima, prestação de contas, coordenação e controle, inovação e aprendizagem, capacitação, motivação e orientação.

Atualmente, o mercado já entendeu que a mulher tem e pode desenvolver habilidades e competências em qualquer área de atuação, mas, ao mesmo tempo, é necessário que as empresas desenvolvam estratégias na área de recursos humanos para que elas tenham as mesmas condições que os homens para ocupar cargos de liderança.

Grandes empresas como Eletrobras, Unilever entre outras, investem no desenvolvimento das mulheres numa perspectiva de criar lideranças e promover igualdade de gênero na organização.

As mulheres já provaram que são capazes. Agora, as portas precisam se abrir para que elas também tenham chances de liderar. Desenvolver essa liderança é importante porque, muitas vezes, a mulher tem uma grande capacidade, mas ela mesma não enxerga esse potencial. E, por isso, não vislumbra os cargos mais altos. Representatividade, nesse caso, importa muito também, ou seja, quando se tem uma mulher na presidência ou na diretoria, ela não só puxa as outras, como também serve de espelho. E isso é fundamental no desenvolvimento da carreira.

O American Transportation Research Institute (Instituto Americano de Pesquisas sobre Transporte, em tradução livre) trouxe resultados nesse sentido. A instituição publicou uma análise que quantifica a probabilidade de envolvimento futuro de colisão em operadores de caminhões com base em certos comportamentos de direção. No geral, a pesquisa descobriu que as mulheres eram motoristas de caminhão mais seguras que os homens. Os homens foram 88% mais propensos do que as mulheres a ter atitudes de condução imprudente. O gênero também teve um impacto sobre a probabilidade de envolvimento em acidentes. Por exemplo, os homens eram 20% mais propensos a se envolver em um acidente do que elas.

Além de serem motoristas mais seguras, as mulheres geralmente permanecem em empregos de caminhões por mais tempo. A pesquisa de Worsham revelou que, entre outubro de 2017 e setembro de 2018, elas tinham uma taxa de rotatividade de 50%. No caso deles, por exemplo, a taxa é de 62%.

Mercado potencial
Diante desse potencial, ainda que seja tímida, a procura feminina pelos cargos de condução começa a despontar. O projeto Habilitação Profissional para o Transporte – Inserção de Novos Motoristas, do Sest/Senat, registrou a participação de 2.311 mulheres entre 2015 e 2019. O curso visa inserir motoristas profissionais no mercado por meio da mudança da categoria da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) para C, D ou E.

Além disso, em cinco anos, a demanda feminina cresceu 60,4% nos cursos voltados para o transporte de passageiros, bem como de produtos perigosos e de transporte escolar da instituição. Em 2018, os cursos mais procurados pelas mulheres foram Cuidados Especiais no Transporte de Escolares, Custos Operacionais do Transporte de Cargas e A Precificação no Transporte Rodoviário de Cargas.

Nesse sentido, instituições financeiras começam a oferecer crédito diferenciado para empresas controladas por mulheres. Oura novidade, durante a pandemia houve um aumento significativo de mulheres como motoristas de app, as quais buscam a legislação e segurança governamental devido à instabilidade em caso de acidente grave.

Ansiosas para que em 2023, tenhamos uma matéria com número bastante evoluído quanto a gerência e diretoria de mulheres nas grandes empresas.

Fonte: Portal do Trânsito

Créditos: ABTLP | Associação Brasileira de Transporte e Logística de Produtos Perigosos